Akurat compara performance das empresas de TI do Brasil com o resto do mundo







A Akurat Consultoria comparou os resultados de 20 empresas nacionais do Setor de TI com outras 20 empresas do mesmo setor de outros países.


Foi analisado um banco de dados com o resultado de 2.200 empresas de TI no mundo. Nesse banco de dados só aparecem 3 empresas brasileiras, que são as listadas na BOVESPA (TOTVS, LINX e SENIOR SOLUTIONS).

O comparativo incluiu somente 20 empresas nacionais, devido à dificuldade em se obter os dados financeiros das empresas nacionais, principalmente do Setor de TI, onde se tem poucas empresas na bolsa de valores, comenta Klaus Ehmke.

Como o objetivo principal do estudo foi comparar
o percentual de EBITDA e do Lucro Líquido das empresas, fiz uma conversão simples dos resultados das empresas estrangeiras, usando uma taxa de dólar de R$ 2,30.

O comparativo completo incluiu as seguintes empresas brasileiras:

ALGAR TECH, ALOG, ASCENTY DATA CENTERS, ATENTO BRASIL, BEMATECH, BRQ, CAST INFORMATICA, CONTAX, CPM BRAXIS CAPGEMINI, CSC COMPUTER, GRUPO MTEL, INDRA BRASIL, LINX, LOCAWEB, QUALITY SOFTWARE, SENIOR SOLUTIONS, STEFANINI CONS, TELEPERFORMANCE CRM, TIVIT, TOTVS.


Especificamente no segmento de empresas de Integração/Outsourcing, chamado nos EUA de Computer Services, as empresas brasileiras em 2013, tem uma média de EBITDA de 3,5%, contra 26,5% na Índia, 17,1% nos EUA e 16,9% no resto do mundo.




Qual a razão para as empresas de TI brasileiras apresentarem resultados tão abaixo da média mundial? 

Existem várias razões, e as mais mencionadas pelos empresários brasileiros são as razões clássicas, que servem e são usadas não só no mercado de TI como também em vários outros setores da economia: 

1.     Alto custo dos encargos trabalhista.
2.     Impostos elevados.
3.     Baixa produtividade.

Serão mesmo esses fatores, os principais responsáveis? Na minha opinião não, pois são fatores que afetam igualmente a todas as empresas.
O principal fator que impacta negativamente todas as empresas do Setor é a competição predatória desse mercado no Brasil, comenta Klaus Ehmke.
Tenho trabalhado por mais de 20 anos em empresas Multinacionais e Nacionais do Setor de TI e a cada concorrência por um novo cliente, percebe-se como cresce o canibalismo no setor. 
Esse canibalismo, estabelece patamares de preços cada vez mais baixos e impossíveis de gerar margem para qualquer empresa. 
A disputa no setor é acirrada e frequentemente vemos empresas praticando margens baixas e muitas vezes negativas com o único objetivo de ganhar mercado. 

Já participei de vários RFP’s/Concorrências em que o vencedor pratica preços que obviamente são impossíveis de gerar margem positiva para qualquer empresa. 
Muitas vezes as empresas apostam que vão ganhar o contrato com uma margem baixa ou mesmo negativa, para entrar no cliente e durante o projeto vão conseguir melhorar a margem. Na verdade, na maioria das vezes não conseguem e ainda fica pior.
Alguns anos atrás tivemos a entrada das empresas Indianas no mercado nacional. O mercado consumidor de TI esperava preços baixos e as empresas Indianas esperavam que poderiam entregar aqui com os mesmos níveis de custos praticados na Índia. O resultado foi uma baixa significativa no patamar de preços do mercado e menos margem para todos, inclusive para as empresas Indianas, que tem acumulado prejuízos no país.
O Mercado de TI é um mercado que precisa de escala, a maioria dos projetos de desenvolvimento de sistemas acabam com margens muito menores do que as margens estimadas, devido a erros na precificação, baixa produtividade ou simplesmente porque a empresa apostou que poderia aumentar a margem durante a execução do projeto, e na pratica, acontece o inverso.
As empresas que tem grande escala ainda conseguem compensar os projetos deficitários com os mais lucrativos e terminam como uma Margem Bruta média positiva (baixa mais positiva), mas as empresas de pequeno e médio porte sofrem muito com os projetos deficitários, que não conseguem se recuperar ao longo do tempo.

Ano a ano os clientes pressionam para redução dos preços. Os reajustes anuais dos contratos muitas vezes mal cobrem o dissídio aplicado aos salários, e como resultado, você tem empresas mal remuneradas, com baixas margens e clientes insatisfeitos com serviços mal executados devido a necessidade constante de redução de custos.
Poderia me estender muito nesse assunto, listando fatores que impactam negativamente as margens das empresas brasileiras de TI, mas o objetivo principal é levantar a bandeira de que é preciso uma união dos empresários do Setor de TI para acabar com essa pratica de preços autodestrutivos no mercado de TI brasileiro. Se não houver um reequilíbrio nesse mercado muitas empresas tradicionais não vão suportar os resultados ruins e serão vendidas por preços muito abaixo de seu valor real ou acabarão por desaparecer do mercado. 






  • Os dados utilizados no estudo foram obtidos dos balanços publicados no DOU ou outro veiculo publico no caso das empresas brasileiras e, no caso das estrangeiras dados do SEC e outras fontes publicas)

Caso queira receber a tabela completa com o resultado das empresas analisadas solicite para: akurat@akurat.com.br




Autor:
Klaus Ehmke
Sócio Diretor da Akurat Consultoria e
Membro do Conselho da Globalweb Outsourcing


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